terça-feira, 7 de agosto de 2012

Os Ritos do Monumental

Cada visita ao Olímpico é um momento especial para aqueles que carregam as glórias do Grêmio em seu coração.

Um dos maiores gremistas que lembro de ter conhecido em minha infância era meu próprio avô paterno, que morava conosco. Sempre me maravilhei com as histórias que ele contava sobre como visitava o Olímpico com um irmão seu que outro. Sempre tive vontade de que ele me levasse para conhecer nosso estádio, mas sua invalidez não permitia e nem veio a permitir depois. Com o passar dos anos fomos acompanhando juntos essa história que ficava cada vez mais linda, mas seu mal-hábito do fumo acabou por levá-lo ao câncer pulmonar, o que ocasionou em abreviar sua estadia física por aqui no início de 2001 e decretar o fim das possibilidades de visitarmos juntos o Olímpico Monumental. Nosso quarto troféu de campeões da Copa do Brasil não pude assistir com meu avô, mas sei que onde quer que estivesse ele estaria comemorando nossa Taça, e toda vez que estou no Monumental por um momento me vem meu vô em pensamento, sorrindo com os gols do Grêmio.

Lembro da primeira vez que visitei nosso Monumental. Decidi ir por conta. Queria ter essa experiência sozinho, mas para minha desaventura os portões já estavam se fechando e não me permitiram adentrar o pátio de nosso estádio. Dei muitas voltas na quadra. Queria ver o Olímpico de todos os ângulos possíveis. Serrava os olhos para ver mais detalhes. Sentei na calçada e fiquei observando nossa casa. Nem percebia a chuva que começava e antes de anoitecer decidi que já era hora de voltar para São Leopoldo, mas mesmo indo embora meus olhos ficavam voltando para trás querendo registrar o máximo possível desse maravilhoso momento.

Cada jogo, cada treino, cada simples visita ao Olímpico se torna especial. Dias de chuva forte, chuva fraca, sol escaldante com cimento das arquibancadas fervendo, ou vento frio correndo entre a torcida, enfim... pra cada visita temos mil histórias para contar, desde aqueles jogos que surpreendentemente perdemos no final até as partidas que nos trouxeram as alegrias que só sabe quem é campeão.

Já pensaram sobre a última vez de tudo que acontece no Olímpico? Algumas ainda estarão por vir, outras jamais se repetirão. Parei pra pensar nisso depois de ler o texto do amigo Rafael Pinto, no qual escreveu sobre o último temporal no Olímpico, o último jogo abaixo de mau tempo, o último jogo com calor infernal, etc. e existem certos hábitos - e por que não ritos? - que jamais repetiremos de mesmo modo.

Ir ao Olímpico é sempre diferente, e ao mesmo tempo mantemo-nos fazendo coisas iguais, como passar no Posto BR pra comprar um lanche; passar no Bar do Faísca pra beber algo; entrar no pátio do Monumental pelas catracas de pedestre e desviar o caminho para a esquerda, até a Grêmio Mania (mesmo não comprando nada); comer um pastel no bar da Dª Bete; depois encostar o cartão nas caracas do Memorial Hermínio Bittencourt e ficar lá reapreciando cada troféu, bandeira, flâmula, fotografia, pintura, condecoração, camisa e até mesmo a máscara mortuária do arqueiro mais lembrado de nossa história, o grande Eurico Lara.

Simplesmente amo esse lugar. Amo estar nas dependências do Olímpico. Tudo que quero é acreditar que encontraremos tanto conforto e calor dentro de nossa nova casa ao final do ano. Dia 15 de setembro será o último aniversário do Grêmio em seu Velho Casarão. O aniversário do nosso clube é algo para ser comemorado com pátio cheio de GREMISTAS DE VERDADE. É NOSSA OBRIGAÇÃO FAZER UMA GRANDE FESTA. Meu desejo era que pessoas como meu avô pudessem se fazer presentes, mas sei que de alguma forma ele estará. Sempre está! Assim como o Olímpico, sempre estará presente onde quer que o Grêmio e nós estejamos. 

"O Grêmio é um vício que não quero deixar. É uma loucura que jamais vou curar."